22/04/2010

* 2010 - GRUPO REABILITANDO PARA A VIDA

O grupo reabilitando para a vida já ocorre a mais de sete anos na ABLUDEF. Trata-se de uma dos espaços voltado à participação dos associados que possibilita a eles tanto compartilhar dificuldades da vida cotidiana como também lutar pela inclusão social, ampliação da autonomia e diminuição do preconceito.
O grupo é Coordenado pela Psicóloga Marivete Gesser (CRP 12/05091) e pela Assistente Social Tânia Regina Moraes (CRESS 12/3617) e tem como objetivos:
a) Socializar dificuldades da vida cotidiana decorrentes de se ter um corpo com lesão e das implicações que este traz à participação social cotidiana;
b) construir, coletivamente, estratégias de enfrentamento das dificuldades provenientes da deficiência e dos arranjos sociais discriminatórios que excluem pessoas fisicamente diferentes do padrão normativo;
c) problematizar sobre a importância da participação em grupos de apoio para o fortalecimento do sujeito e busca da autonomia; e
d) construir estratégias coletivas de luta pelos direitos que os associados têm como cidadãos e também voltadas à diminuição dos preconceitos.
O enfoque epistemológico que fundamenta as atividades desenvolvidas no grupo é baseado no Modelo Social da Deficiência. Esse modelo teórico compreende a deficiência como uma construção social, decorrente de condições históricas, materiais e políticas que marginalizam e excluem as pessoas com deficiência (SMITH e ANDRESEN, 2004). Isto é, compreende as pessoas com deficiência como uma minoria e analisa como o contexto social (as regras, leis, meios de comunicação, características dos prédios e sistemas de trânsito, a carga-horária convencional de oito horas diárias) exclui algumas da participação da vida social, escolar, profissional ou cívica (ASCH, 2003, p. 56). Neste sentido, a deficiência, a partir desse modelo, deixa de ser compreendida a partir de um campo estritamente biomédico confinado aos saberes médicos, psicológicos e de reabilitação, que associam a deficiência a uma condição médica ou a uma tragédia pessoal, e passa a ser também um campo das humanidades (DINIZ, 2007; SMITH e ANDRESEN, 2004).
O modelo social da deficiência defende o pressuposto de que as pessoas com deficiência são sistematicamente discriminadas e excluídas da participação na sociedade contemporânea, sendo este o resultado negativo das barreiras atitudinais, físicas e institucionais que impedem as pessoas com deficiência de terem uma participação efetiva na sociedade (LANG, 2009).
A idéia central deste modelo é a de que a deficiência não é um problema individual relacionado ao fato de um corpo ter uma lesão e sim da sociedade que é pouco sensível às necessidades dos indivíduos com lesões, configurando uma forma de opressão social. Destarte, Diniz (2007), com base no modelo social de deficiência, afirma que esta se transforma em desigualdade em uma sociedade pouco sensível à diversidade de estilos de vida. Para a autora, esse modelo contribuiu para que:
de um campo estritamente biomédico confinado aos saberes médicos, psicológicos e de reabilitação, a deficiência passou a ser também um campo das humanidades. Nessa guinada acadêmica, deficiência não é mais uma simples expressão de uma lesão que impõe restrições à participação social de uma pessoa. Deficiência é um conceito complexo que reconhece o corpo com lesão, mas que também denuncia a estrutura social que oprime a pessoa deficiente. Assim como outras formas de opressão pelo corpo, como o sexismo ou o racismo, os estudos sobre deficiência descortinaram uma das ideologias mais opressoras de nossa vida social: a que humilha e segrega o corpo deficiente (DINIZ, 2007, p. 9-10).

No que se refere à metodologia, este ocorre uma vez ao mês na ABLUDEF: Associação Blumenauense dos Deficientes Físicos. O planejamento dos temas a serem discutidos é realizado junto aos próprios associados da ABLUDEF e tem sido voltado predominantemente à experiência de viver com deficiência e sua relação com os determinantes sociais. No ano de 2009, as principais questões debatidas foram:
* preconceitos vivenciados cotidianamente;
* processo de exclusão/inclusão social perversa de quem tem um corpo fora da norma;
* direitos das pessoas com deficiência;
* as dificuldades de acessibilidade e suas relações com as questões de classe social;
* e participação social nos espaços de controle social visando lutar pelos direitos.

Referências
ASCH, Adrienne. Diagnóstico pré-natal e aborto seletivo: um desafio à prática e às políticas. PHYSIS: Rev. Saúde Coletiva. Rio de Janeiro, v. 13, n. 2, p. 49-82, 2003.
DINIZ, Débora. O que é deficiência. São Paulo: Brasiliense, 2007, 89p. (Coleção Primeiros Passos).
LANG, Raymond. The Uniten Nation Convention on the right and dignities for persons with disability: a panacea for ending disability discrimination? European Journal of Disability. Research 3, p. 266-285, 2009.
SMITH, Randolph, D.; ANDRESEN, E. M. (2004) Disability, gender, and unemployment relationships in the United States from the behavioural risk factor surveillance system. Disability & Society,Washington, v. 19, n. 4, p. 403–414, 2004.
TEXTO DE : Marivete Gesser - PSICOLOGA
Doutorada:  Gênero, Corpo e Sexualidade: significações sociais e implicações no processo de constituição de mulheres com deficiência física.

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